tag:blogger.com,1999:blog-87818390050431122242024-03-06T05:15:31.102-03:00Sobre Livros & LeiturasBlog coletivo do grupo Sobre Livros & Leituras (SLL) de Santa Cruz do Sul/RSSLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.comBlogger30125tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-39177172369623737602013-05-10T10:00:00.000-03:002013-05-10T10:00:10.387-03:00A foto que virou música<div style="text-align: justify;">
Ainda sobre o tema de abril, surgiu a história da foto feita pelo fotógrafo Paulo Pinto, natural de Santana do Livramento que trabalha em São Paulo. Uma história de alguém que tem poesia olhar. Deliciem com a história, a imagem e a melodia.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.bestradiobrasil.com/br/wp-content/uploads/2009/11/passarinhos1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="248" src="http://www.bestradiobrasil.com/br/wp-content/uploads/2009/11/passarinhos1.jpg" width="400" /></a></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<center>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/-7XoQuc9nlg" width="420"></iframe></center>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-35175637280437153392013-05-07T22:19:00.001-03:002013-05-07T22:19:30.916-03:00Música & Literatura: tema de abril<div style="text-align: justify;">
No encontro de abril o tema foi música e literatura. A idéia era discutir sobre livros que viraram músicas ou vice versa, livros citados em músicas, etc. Dentre muitos comentários surgiu a música Vambora, de Adriana Calcanhoto em que ela cita duas obras (Na cinza das horas, de Manuel Bandeira e Dentro da noite veloz, de Ferreira Gullar). Abaixo o vídeo da música e também o vídeo com o poema do Gullar na voz de Egberto Gismonti.</div>
<br />
<div style="text-align: center;">
Vambora, com Adriana Calcanhoto<br />
</div>
<center>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/HtIXSn22AsE" width="420"></iframe></center>
<br />
<div style="text-align: center;">
Dentro da noite veloz, de Ferreira Gullar<br />
</div>
<center>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/JYOpY6BD8SI" width="420"></iframe></center>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-1434538545887968552013-04-16T14:52:00.000-03:002013-04-16T14:52:00.503-03:00Livros<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="http://www.youtube.com/embed/AkPozzLSrsM?feature=player_embedded" width="640"></iframe>SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-8680950746809542762013-04-14T14:30:00.004-03:002013-04-14T14:30:51.099-03:00Desmundo<a href="https://fbcdn-profile-a.akamaihd.net/hprofile-ak-prn1/c150.32.401.401/s160x160/417732_10150554657261511_13671220_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Tony Saad" border="0" class="profilePic img" id="u_jsonp_43_7" src="https://fbcdn-profile-a.akamaihd.net/hprofile-ak-prn1/c150.32.401.401/s160x160/417732_10150554657261511_13671220_n.jpg" /></a> (Tony Saad)<br /> <br /> São monstros que não assustam<br /> <span class="text_exposed_show"> e anjos que não protegem<br /> tesouros que nada custam<br /> e maestros que não regem.<br /> São gênios que não aprendem<br /> e Budas que não toleram<br /> são putas que não se vendem<br /> beatas que não veneram.<br /> São penas que não redimem<br /> senadores que não mentem<br /> palavras que não exprimem<br /> poetas que nada sentem.<br /> São bispos que nunca rezam<br /> escravos que não trabalham<br /> são larápios que não lesam<br /> idiotas que nunca falham.<br /> São Cristos que não perdoam<br /> Colombos que não navegam<br /> palhaços que não caçoam<br /> e adúlteros que não negam.<br /> São mestres que não ensinam<br /> demônios que nunca tentam<br /> prazeres que não fascinam<br /> vizinhos que não comentam.<br /> São patrões que não exploram<br /> Brasilias que não irritam<br /> futuros que não demoram<br /> amantes que não se excitam.<br /> São sábios que não refletem<br /> juízes que não decidem<br /> campeões que não competem<br /> e canhões que nunca agridem.<br /> São impérios que não caem<br /> atores que não se exibem<br /> Dalilas que nunca traem<br /> religiões que não proíbem.<br /> São boêmios que não bebem<br /> e apóstolos que não pregam<br /> são mães que nunca concebem<br /> e fortunas que não cegam.<br /> São infernos que não queimam<br /> covardes que não se entregam<br /> crianças que nunca teimam<br /> e ricos que não sonegam.<br /> São luas que não inspiram<br /> mendigos que não imploram<br /> coronéis que não conspiram<br /> carpideiras que não choram.<br /> São algozes que não matam<br /> namorados que não juram<br /> são nós que nunca desatam<br /> e milagres que não curam.<br /> São ratos que não se escondem<br /> rancores que não inflamam<br /> São ecos que não respondem<br /> Machiavellis que não tramam.<br /> São falidos que não devem<br /> balas que não municiam<br /> vanguardas que não se atrevem<br /> e ópios que não viciam.<br /> São vidas que não tivemos<br /> são mundos que nunca vimos<br /> é irreal o que vemos<br /> ou nós que não existimos?</span>SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-51190210248426311082013-01-02T11:30:00.000-02:002013-01-02T11:30:55.934-02:00171, O livro<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyTT2fxPVPuyZ2oW64i91FEqR0oqg8eA192RD8yJf4sjYLvFQ8iQ3KbO6wDDtuFCsObIgnFs24g89Dx0hBYNk8kUVRyNuzxQ_9FDWo8ctUklKhKVTSj0q97mmeZDTKzlS_AsHgo0GwH5ON/s1600/171+-+A+Lebre+e+o+Farolete+-+Capa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyTT2fxPVPuyZ2oW64i91FEqR0oqg8eA192RD8yJf4sjYLvFQ8iQ3KbO6wDDtuFCsObIgnFs24g89Dx0hBYNk8kUVRyNuzxQ_9FDWo8ctUklKhKVTSj0q97mmeZDTKzlS_AsHgo0GwH5ON/s320/171+-+A+Lebre+e+o+Farolete+-+Capa.jpg" width="211" /></a></div>
<div class="yiv704373813MsoNormal" id="yui_3_7_2_1_1357132878081_7722" style="background-color: white; color: #454545; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Já estão nos pontos de venda os exemplares da segunda edição do livro “171 - a lebre e o farolete”, sobre registros de casos de estelionato na última década na Região do Vale do Rio Pardo, além de detalhes de reportagens a respeito.</span></div>
<div class="yiv704373813MsoNormal" id="yui_3_7_2_1_1357132878081_7719" style="background-color: white; color: #454545; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="yiv704373813MsoNormal" id="yui_3_7_2_1_1357132878081_7718" style="background-color: white; color: #454545; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O livro com 10 anos de pesquisas e acervo pode ser encontrado na Tabacaria do Shopping, Tabacaria 44 (Max Shopping) e Livraria Iluminura, ao preço de R$ 45,00.</span></div>
<div class="yiv704373813MsoNormal" id="yui_3_7_2_1_1357132878081_7714" style="background-color: white; color: #454545; padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="yiv704373813MsoNormal" id="yui_3_7_2_1_1357132878081_7843" style="background-color: white; color: #454545; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Outra possibilidade é pelo joser@mx2.unisc.br, que tem o desconto (R$ 36,00), além do telefone (51) 9947-7809.</span></div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-53990381665665721282012-11-30T08:27:00.000-02:002012-11-30T08:27:34.370-02:00Edição de final de ano do Encontros Sobre Livros e Leituras<br />
<div style="background-color: white; font-size: 12px;">
<div class="yiv1850941981MsoNormal" style="padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 11pt;">A última edição do ano do Encontros Sobre Livros e Leituras será no dia 1º de dezembro, a partir das 15h, no mezanino do Café Samurai, na Rua Júlio de Castilhos, 184, centro de Santa Cruz do Sul.</span><u></u><u></u></span></div>
</div>
<div style="background-color: white; font-size: 12px;">
<div class="yiv1850941981MsoNormal" style="padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div id="yui_3_7_2_1_1354270349926_780" style="background-color: white; font-size: 12px;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSFFWkx3IB9P-0prK41qY4d1HCHcogifSw4rWWL7nP5D50LR2ALUbzf9JVK" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="149" src="http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSFFWkx3IB9P-0prK41qY4d1HCHcogifSw4rWWL7nP5D50LR2ALUbzf9JVK" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">José Renato Ribeiro</td></tr>
</tbody></table>
<div class="yiv1850941981MsoNormal" id="yui_3_7_2_1_1354270349926_778" style="padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span id="yui_3_7_2_1_1354270349926_776" style="font-size: 11pt;">E será um encontro muito especial, por conta do pré-lançamento da obra <i>171 – a lebre e o farolete</i> (Editora Multifoco, 2012), do escritor e jornalista carioca José Renato Ribeiro, hoje radicado em Santa Cruz do Sul. O autor estará presente e conversará com os participantes sobre o seu livro, que trata de casos de estelionato no Vale do Rio Pardo, a partir da sua experiência como repórter na área policial.</span><u></u><u></u></span></div>
</div>
<div style="background-color: white; font-size: 12px;">
<div class="yiv1850941981MsoNormal" style="padding: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div style="background-color: white; font-size: 12px;">
<div class="yiv1850941981MsoNormal" style="padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: inherit;">Criado em 2007, o Encontros Sobre Livros e Leituras funciona mensalmente, reunindo toda e qualquer pessoa que tenha interesse em leitura, em especial, literatura. Iniciativa de técnicos da Unisc, hoje congrega diversas pessoas, não só da comunidade universitária. Para participar, basta comparecer, sem inscrição ou aviso prévios. Normalmente, um tema para debate é definido, seguindo-se uma conversação livre.</span></span></div>
</div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-13281466688828581772012-11-21T23:06:00.000-02:002012-11-21T23:06:30.983-02:00O home do cavalo branco<br />
Livro conta a história do maior<br /> estelionatário da 1ª República<br />
Leia em: <a href="http://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2012/10/24/livro-conta-historia-do-maior-estelionatario-da-1a-republica" target="_blank">http://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2012/10/24/livro-conta-historia-do-maior-estelionatario-da-1a-republica</a><br />
<br />
Leia mais no blog <em>O Homem do Cavalo Branco</em> <br />
<a href="http://www.homemdocavalobranco.blogspot.com.br/" target="_blank">http://www.homemdocavalobranco.blogspot.com.br/</a>SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-88616782816433200772012-11-19T14:17:00.000-02:002012-11-19T14:17:00.357-02:00Mancha no diploma<div style="text-align: right;">
por Eloir Guedes</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Cultivamos no Brasil a crença geral de que proporcionar boa instrução regular aos nossos filhos os livrará dos trabalhos desqualificados que seus pais, a maioria analfabetos ou quase, tivemos que enfrentar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Trabalhos duros com salários aviltantes que resultam em condições de vida precárias em quase todos os sentidos. Pode não ser verdade para muita gente: desde que venha ao mundo com pele clara e cabelos lisos. Melhor ainda se além destas "virtudes" o sobrenome denunciar origem européia ou anglosaxã.<br />
<br />
<a name='more'></a><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Recebi a visita de um jovem negro, recém formado em Serviço Social, com quem acostumei-me a longos e proveitosos diálogos. Além da prosa interessante concedeu-me o privilégio de trocar idéias com alguém que tem idade para ser seu pai. Ele confirmou-me uma verdade da discriminação racial que eu percebo há muito.</div>
<div style="text-align: justify;">
Dei-lhes os parabéns, lembrando que agora seria mais fácil. Ele fez-me ver que não é assim. A competição no mercado de trabalho inverte o racismo, mesmo de alguém sem preconceito. Como dar ao negro um cargo funcional elevado sem "ofender" o outro da "raça superior"? Melhor não comprar essa briga: lugar de branco é na chefia, negro vem depois.</div>
<div style="text-align: justify;">
Já testemunhei fato semelhante. Um negro formado em Direito estabelecido no centro, foi procurado por outro amigo meu. Embora conhecidíssimo e pessoa de destaque, nenhum branco "soube" informar o seu endereço.</div>
<div style="text-align: justify;">
O jovem contou-me que, nos dias próximos ao de sua formatura, sofreu o medo de frustrar pessoas que mesmo pouco conhecidas e não-negras torciam por ele. O recebimento do canudo dependia da entrega de um trabalho ainda não pronto. Mas superou a dolorosa passagem, cumpriu a tarefa em tempo hábil. Seria terrível ouvir "coisa de negro, só podia dar nisso".</div>
<div style="text-align: justify;">
Na noite marcada para a cerimônia contou não mais do que quarenta negros entre os quase quinhentos no auditório. Seis da sua própria família. Achou natural: o negro é educado para só comparecer a eventos de sua gente. Só negros audaciosos se misturam, casam com brancas e levantam a cabeça quando ofendidos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Há poucas alegrias em ser negro, mas nem tudo são pedras em nossa vida. O ato de entrega dos diplomas significava o reconhecimento do esforço em busca da realização, cujo reflexo mais gratificante era o estímulo implícito aos mais jovens a seguir seu exemplo de fé e perseverança. Era um dos poucos negros e pobres a chegar ali.</div>
<div style="text-align: justify;">
O mais importante, idsse-me, era a satisfação íntima dos familiares. Sentia-se como se os presenteasse com algo que nunca imaginavam receber. Um presente que ningue´m nem nada poderia lhes tirar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Chorou ao receber o abraço do primo cujo pai já falecido o considerava também seu filho e o incentivava a estudar: o saber não ocupa lugar. E seu coração acelerou ao ver sorridente entre os seus, a namorada que o acompanha há quatro anos. Ela é loura, filha de pais de origem alemã.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* Crônica publicada na coletância Unisc: uma trajetória e muitas lembranças, Volume 3, 2005.</div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-89956733793232691362012-11-18T14:00:00.000-02:002012-11-18T14:00:42.163-02:00Finados para agnósticos, ateus e crentes<div style="text-align: right;">
por Iuri Azeredo</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggIT0lKqayttP93xsZGs5S1GSlGdMwqiThDF9HhFASwVU7mUaJgVKgrd8yn7-EKFE_8R-wOZVNMTYRqo9-x9ekjjGAFqDBAiCeKMx9sMtvUAjS2UYC3-SjnkRY9lYRM5KEceyVdtUQBTkH/s200/iuri.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggIT0lKqayttP93xsZGs5S1GSlGdMwqiThDF9HhFASwVU7mUaJgVKgrd8yn7-EKFE_8R-wOZVNMTYRqo9-x9ekjjGAFqDBAiCeKMx9sMtvUAjS2UYC3-SjnkRY9lYRM5KEceyVdtUQBTkH/s200/iuri.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: inherit;">O livro “Religião para ateus” do Alain de Botton me abriu para novas considerações, enquanto me subsidiou para coisas que eu já pensava.<br />O feriado dos finados. Uma data que, aqui, tem um teor religioso e, mesmo, mórbido – ou ao menos de tristeza opressiva. Além disso, foca-se, para cada um, nas pessoas que conviveram mais diretamente conosco: os nossos parentes mortos, especialmente.<br />Sei que há lugares onde o que existe é um “Festa dos Mortos”, com quitutes e farto consumo de bebidas e até bailes. Ou seja, paradoxalmente, há um extravasamento da vida, da alegria, da mundanidade em homenagem aos mortos...</span><br />
<span style="font-family: inherit;"></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: inherit;"><br />Lembro que, quando piá, íamos, pai, mãe, irmão, avó e demais parentela para o cemitério de Ponte Queimada, onde, estava (e está) enterrado o meu avô materno e outros ex-chegados da família da minha mãe. Um caminhão de bebidas ficava estacionado à sombra de grandes plátanos em frente ao muro de pedras do cemitério e, se a minha memória não me prega peças, havia churrasqueiras onde se preparavam carnes para o almoço. Quer dizer, havia um caráter festivo, de diversão (ao menos para as crianças), de encontro comunitário – entre vivos! – naquela visita aos túmulos, quando se aproveitava para lavar, reenfeitar e até fazer reformas das lápides e jazigos – além de orar pelas almas dos falecidos, claro.<br />Mas o que hoje me parece ficar patente é a contrição um tanto quanto depressiva, além de ser cada vez mais formalidades anuais mais ou menos “obrigatórias”, sem uma adesão coletiva de familiares, “sobrando” para os mais antigos a reverência aos já definitivamente antepassados.<br />Max Weber tem o conceito de “desencantamento”, que é para mim a explicação para o afastamento dos cemitérios da gerações como a minha, formadas por uma mentalidade científica já consolidada, descreditadas no sobrenatural em qualquer sentido.<br />Entretanto, não seria bacana reformar isso, pegando carona no que propõe o Botton? (“Santa utopia, meu caro”, já vejo dizendo-me!) Finados, Dia dos Mortos, poderia ser uma Comemoração aos Antepassados (ou um nome que “pegasse” melhor).<br />Seria um dia de reverenciar a memória não só de parentes e amigos, que já não têm existência física e que, independente de crença religiosa, continua a existir em nossas memórias. Ou aqueles/as que se notabilizaram e ficaram registrados por feitos – livros, relatos, inventos – essa infinidade de gente que construiu os povos, a humanidade no que ela tem de mais bacana. (Assim é que energúmenos, caso de abomináveis ensandecidos “hitlers”, deixaríamos para uma data de pranto, mesmo!)<br />Seria uma data de reconhecimento, agradecimento e estímulo a uma “vida significativa”, voltada para as coisas coletivas.<br />Os egoístas e os maldosos, com certeza, não teriam vez nesta “festa”. Como eu disse, poderia haver uma data para lamentá-los fervorosamente – para que também não esqueçamos que, assim como há pessoas queridíssima, gênios e heróis, há muitos mesquinhos, vilões, violentos torturadores, sanguinários e outras classificações para pequenos e grandes desgraçados da humanidade.</span></div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-85855288387214309272012-11-13T02:28:00.000-02:002012-11-13T02:28:00.279-02:00Terra natal - um conto de Glauco Schneider<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Os pássaros falam a outros
pássaros. Mas o que os outros pássaros escutam? Que mensagens
trocam? </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Desde criança meu interesse,
minha paixão por eles só fez crescer, se intensificar. Meu pai, já
falecido, era diretor do zoológico de abdala, no distrito de zafir.
Às vezes escrevia versos, sem pretensão maior que revelar a si
mesmo aspectos de si mesmo. Talvez eu tenha herdado dele esta
atração. Ele ainda não tinha morrido, e tínhamos, juntos,
montado, com tela fina e resistente, um apiário muito bom, com ramos
semelhando os naturais para repouso dos corpos alados, entre um voo e
outro, entre um entardecer e outro amanhecer. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"></span></span><br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Porém eu viagei. Para uma
região ao norte de Hackburk, um lugar bastante frio e desolador, por
motivo de que lá continuaria meus estudos, que a essa época
tinham-se encaminhado para a medicina, e suas práticas alternativas.
Em um porto do extremo oriente usei pela primeira vez o ópio. Fiquei
então preso a essa droga por mais de quinze anos. A droga gostou de
mim, tanto quanto eu dela. Isso é tudo o que tenho a dizer desta
convivência, que depois rompi graças ao auxílio de alguns xamãs e
dervixes hindús, que moravam em extrema solidão nas montanhas do
tibet. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">A passagem do tempo. A nível
cósmico não há direita ou esquerda, embaixo ou acima. Como
consultar um relógio cavalgando um cometa? Por vezes estas
perguntas, sobre pássaros, sobre astros, e outras muitas mais (as
folhas das árvores são todas diferenciadas entre si e se sobrepõem
exatamente, de modo a cada qual receber sua quota de luz solar, e não
há nisso uma estupefaciente harmonia? Quantas vezes por dia um homem
mantém exatamente em imobilidade suas mãos e dedos? Etc). Enfim,
dispomos de poucas noites e dias. O vaso de nossos corpos verte sobre
o chão, o ar e o céu, até a última gota, doce ou amarga, com a
rapidez de um sonho em que julgamos estar acordados. À superfície
deste vaso há desenhos, que a nós parecem inteligíveis, mas não o
são. Os desenhos figuram nossa movediça fisionomia, o fulgor opaco
de nossas pupilas, a agitação muitas vezes sem paz e sem quietude
das palavras com as quais trocamos mensagens cifradas com os outros
mortais. E a vida continua. Esse barco em mar profundo navegando,
ocupado em todos os espaços, do porão ao convés e mesmo pendurados
às cordas dos mastros, por passageiros estrangeiros, alienígenas
uns para com os outros. O amor, religioso, apaixonado por uma
mulher, o amor ao conhecimento, às artes e ciências, o amor à
condição humana, que se move entre o mais abjeto e o mais sublime,
essas fortes afeições podem ser vir de ponte, segura ou insegura,
para contatar as almas e corpos que, de outro modo estariam
condenados à perpétua solidão.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Transcorreu boa parte de minha
vida. Um tanto de grama ressequida à qual consome uma chama
intangível, mas sempre, inelutavelmente, exterminadoramente,
atuante. Uma viagem de trem cujos trilhos iam aparecendo
miraculosamente diante de mim, conforme eu pensava que decidia ir
para lá ou para cá (em verdade eu e o trem é que o decidíamos,
sempre, e eu nunca soube no que se constituía meu trem). Envelheci.
Atingi a marca , o limite dos cinquenta anos. Aos cinquenta anos um
homem se vê correndo, com os ossos já enfraquecidos, a levar uma
mensagem urgente da batalha de maratona. Não sabe se o papiro que
leva em um alforge contém alguma mensagem. Estará a mensagem
simplesmente em branco, e lhe deram este encargo apenas para testar
sua resistência à vida e à morte? Não sabe por que é obrigado a
correr através de um deserto aparentemente sem fim, até uma nova
fronteira, que apenas se chama fronteira porque há ali um gole de
água, um novo prato de comida, e um negociante de olhos mortos que
ostenta um sorriso fixo e inerte, enquanto põe notas de papel e
moedas de cobre em uma caixa.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Às vezes, nestes albergues
provisórios (estou convicto de que desapareciam, literalmente,
miragens apenas, de fato miragens que, por uma mágica assumiam por
um lapso a condição de coisa física, material. Eu deixava pontes
queimadas atrás de mim, frotas de barcos incendiando-se e
refletindo-se em águas verde-azuladas com brilhos fugitivos, estes
também, miragens, mas por um débil instante que sempre me pareceu
saudoso mesmo antes de ocorrerem, corpóreos, máscaras do aspecto de
tudo afixadas ao rosto de tudo e de nada, a carne e os ossos de tudo
e nada derretendo-se sob tais máscaras) nestes albergues eu
encontrava uma mulher sonolenta ou embriagada, com ar e atitude de
quem permaneceu tanto tempo mergulhada em águas desesperadas, águas
corrosivas para qualquer coração e sentimento, e então nós nos
abraçávamos, e eu deixava em seu ventre uma semente. E tudo o que
havia entre nós era o sentimento de que havíamos cumprido uma
triste mas imperiosa obrigação, para satisfação de nossos corpos
sedentos, e passageira mas notável (como se nota , da margem, no
horizonte, barcos em chamas afundarem, ao se tocarem por acaso)
consternação de nossos espíritos. Nossos pés os pés de monges
acostumados a brasas. Os pés doem. Mas doem sempre, não importa em
que eles pisem.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Foi então que cheguei a
Barikova. Era uma pequena cidade ao norte da antiga província de
Homt. Muito me felicitei quando obtive emprego, sem muita
dificuldade. Encontrei-me com o soberano do lugar, que vivia
atormentado por uma febre sem nome ou remédio conhecido.
Ministrei-lhe, um tanto ao azar, uma substância que sempre trazia
comigo como panaceia, raiz de ruibarbo misturada a essência de pó
de chifre de unicórnio (encontrei um, morto, coberto de frias cinzas
vulcânicas, em uma ruela, perdida, de uma cidade em ruínas, no meio
de um dos tantos desertos por que passei. Havia talvez vultos
sombrios que me ameaçavam, mas eu dizia a mim mesmo que estava a ter
um pesadelo.e então, depois que cortei o chifre e o pus atado ao
dorso de meu camelo, ao invés de eu desaparecer do delírio que eu
ainda sustentava com um forte resquício de razão e lucidez, então
foi a cidade mesma que se desintegrou, e vi-me , junto ao animal
(que resiste ao deserto não só por armazenar água, mas porque
habituou-se a não ser atingido por nenhuma noção ou impressão
febrecitante proveniente de tantas dunas de areia ardentes, de dia, e
gélidas à noite) vi-me junto a meu camelo. Olhei a minha volta. Um
imenso e infinito deserto, em que um vento inconstante varria,
aparentemente em vão, talvez motivado por um obscuríssimo propósito
que ninguém saberia sequer intuir. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Mas, ah, o chifre de unicórnio
continuou comigo. E ao começar meu trabalho, estando o soberano já
plenamente curado e exultante com relação a minha humilde pessoa,
foram-me dadas orientações, à entrada do palácio, para chegar até
meu objetivo. Com a maior naturalidade, distração e boa vontade,
carreguei meu sangue turvo um tanto cansado de circular entre meus
ossos, e atravessei corredores e câmaras, salões com pilares
cobertos de ouro e marfins azuis decorando pisos com motivos de
peixes oníricos diversos, disperso em tudo um odor que associei a
sementes de lotus lentamente incineradas talvez, alto-relevos de
dragões cobrindo cúpulas , dragões cuja mirada em efígie poderia
congelar do mais puro terror a quem tivesse a ousadia de
contemplá-los. Deles desviei meus olhos, e afinal entrei, como me
fora indicado, na alcova da princesa heda, não sem antes ter
caminhado bem, muito lentamente, como uma sombra do sol sobre um
dolmen, para não chamar a atenção de dois grifos que dormitavam
nos umbrais. E foi então, já velho, um tanto gasto e desanimado por
tantas recordações infelizes, muito infelizes, que o amor mais
tirânico, dominador, escravagista e fulminante tomou conta de mim.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Heda tinha um corpo de Vênus,
que o tecido fino e delicado de uma renda finíssima, semelhante a
teias de aranhas acumuladas a delicados e gentilmente dançantes
ramos, nelas acumulado um orvalho revigorantemente fresco, com um
brilho de lágrimas que só poderiam ter caído de algum céu. Seu
rosto era tão belo que não sei descrevê-lo. Prometia a ventura
divina e ao mesmo tempo a paixão sensual da mais perfeita concubina,
em haréns alados, que alguns poucos poetas e visionários, talvez
tenham o supremo privilégio, ao morrerem, de experimentar. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Entretanto, este foi o momento
mais triste de minha vida. Tão triste que eu senti claramente que
meu coração parou, se fez em pedaços, pedaços a mais do que ainda
havia de intocado na fonte de minha sensibilidade, pedaços já
dispersos por tantos amores contrariados. Sim. Ela olhou no meu
rosto, viu minha incurável paixão, que em um só átimo tinha
nascido e se elevado a alturas sublimes e quase intoleráveis, e
disse, com a voz de uma criança caprichosa que torce e quebra o
pescoço ou o ventre de um brinquedo indiferente: “Eu não te
amo”.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">E então, mal iniciada a lição,
que versaria sobre astrologia esotérica antiquíssima (cujos códices
encontrei numa caverna próximo ao mar negro, num dia invernal e
desolador) , mal iniciara eu a falar, percebi que eu tinha perdido a
voz, o poder de enunciar qualquer palavra. Que nunca falaria a
ninguém. Nunca mais a vida para mim teria sabor algum. Mesmo o sabor
do que é insípido (pois o insípido é afinal uma qualidade), nunca
mais teria minha vida brilho, calor, pois o sol do dia e os astros
misteriosos das noites tinham-se apagado e morrido, para sempre, com
suas palavras. Tão poucas palavras. Quatro.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Eu, juntando em mim um último
esforço, guardei comigo, como um homem são mete num saco um rato
infectado com a pior peste, e jamais se separará dele, guardei
aquelas palavras no ouvido do meu ânimo, voltei pelos corredores,
alcovas, salões, pórticos com fontes de cristais e, afinal, estava
de volta às ruas da cidade. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">O povo inundava o mercado diante
do palácio. Perguntei a um verdureiro por onde se chegava ao
deserto mais próximo. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">E no mesmo dia eu já tinha
voltado à minha terra natal.</span></span></div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-76228280722819502242012-11-12T10:20:00.000-02:002012-11-12T10:20:00.081-02:00Nem te conto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.gaz.com.br//tratadas/blog/16/imagens/14355/nemteconto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.gaz.com.br//tratadas/blog/16/imagens/14355/nemteconto.jpg" width="215" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Durante a Feira do Livro de Santa Cruz do Sul, em agosto desse ano, aconteceu o lançamento de uma coletânea de contos organizada pelo colega Romar Beling, grande frequentador dos nossos encontros, e também Rudnei Kopp. Dentre os autores presentes no livro estão outros colegas de grupo: Glauco Schneider, Luis Fernando Ferreira, Mauro Ulrich, Sheila Silveira e Tony Saad. Parabéns a todos participantes e apoiadores da iniciativa.</div>
<br />SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-48744948462884243022012-11-11T17:02:00.003-02:002012-11-12T09:32:21.882-02:00Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6kc69dovln_S7iBzb2hcvQsDdspwO0tlsSqT6-g034bEfP8w1CgzTcOeeQJrjmLlth1lA_Vh_7JSYEv7-tU8rAKVpuzH4n9YzLgLgGDhTrHFjmsGrFMVBkm4giAI04i9khAUWSAfEN3w/s1600/carolina+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6kc69dovln_S7iBzb2hcvQsDdspwO0tlsSqT6-g034bEfP8w1CgzTcOeeQJrjmLlth1lA_Vh_7JSYEv7-tU8rAKVpuzH4n9YzLgLgGDhTrHFjmsGrFMVBkm4giAI04i9khAUWSAfEN3w/s320/carolina+2.jpg" width="320" /></a></div>
"28 DE MAIO ... A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nós quando estamos no fim da vida é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha até aqui, tem sido preta. Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro." pág. 162.<br />
<div style="text-align: right;">
in: "Quarto de Despejo", publicada em agosto de 1960, pela Editora Francisco
Alves.</div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: red;">O grito da favela que tocou a consciência do mundo inteiro ! </span></div>
<span class="post-icons"><span class="item-action"><a href="http://www.blogger.com/email-post.g?blogID=7053810504990274718&postID=526284591751197986" title="Enviar esta postagem"></a>
</span></span>SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-73308958392630608792012-11-11T01:14:00.000-02:002012-11-11T01:14:00.466-02:00TOC140, quando menos é tudo!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAzp3BBkDDyg5Z7lK0U0yqgFam1IyZeKM6lgb-moYoBV_ovOE2gmO0xSMcHAsvhO4Qw3eqNpbU0gFwyqMnDMyHKhJtwre2_T5cmy0QRvwsi8paJB5vBBdzZpg2n8LVgm50a3Lm-Xldx0JR/s1600/toc140.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAzp3BBkDDyg5Z7lK0U0yqgFam1IyZeKM6lgb-moYoBV_ovOE2gmO0xSMcHAsvhO4Qw3eqNpbU0gFwyqMnDMyHKhJtwre2_T5cmy0QRvwsi8paJB5vBBdzZpg2n8LVgm50a3Lm-Xldx0JR/s320/toc140.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
O TOC 140 é um desafio de nível nacional, na sua terceira edição, lançado pela Festa Literária Internacional de Pernambuco. Esse ano foram 500 concorrentes, cada um com 5 poemas enviados via Twitter. Desses foram selecionados os 100 melhores para o lançamento de uma antologia do concurso. Nossa colega Georgia Stella ficou entre os escolhidos. Confira no link abaixo o resultado. </div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<a href="http://www.fliporto.net/fliporto2012/noticias-2/os-100-melhores-poemas-do-3o-toc140/" target="_blank">Os 100 melhores poemas</a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Parabéns a todos selecionados. Sete gaúchos fazem parte da lista.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://profile.ak.fbcdn.net/hprofile-ak-snc6/592201_270192443091714_30155100_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="191" src="http://profile.ak.fbcdn.net/hprofile-ak-snc6/592201_270192443091714_30155100_n.jpg" width="200" /></a></div>
<br /></div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-40014026322965749632012-11-10T01:21:00.000-02:002012-11-10T01:21:00.150-02:00O morto - por Dilso José dos Santos<div style="text-align: justify;">
<span style="font-variant: normal;"><span style="color: #333333;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Sentado na poltrona de
sempre, lá estava ele de novo em seu refúgio. Óculos sobre o
nariz, pernas cruzadas e um velho livro repousando aberto sobre suas
mãos. Os olhos acompanhavam as palavras nervosamente enquanto a mão
direita virava a página quando necessário. Dessa forma o tempo
passava, até o sono aparecer de mansinho e oscilar entre a história
e o sonho. Adormeceu...</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="font-variant: normal;"><span style="color: #333333;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"></span></span></span></span></span></span><br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-variant: normal;"><span style="color: #333333;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">-------------------------------------</span></span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Deu
uma boa olhada em volta e confirmou: estava sozinho. Em certos
momentos, mesmo na boa companhia de sua esposa, tinha a necessidade
de refugiar-se dentro de si, de modo que o espírito se emancipasse
do corpo físico por alguns instantes. No entanto, no cômodo ao
lado, um murmúrio quebrou o transe. Andou até lá.</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">- Pobre
coitado, como pode uma santa criatura nos deixar assim? Não tinha
maldade, não bebia... Homem admirável!</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Assim que entrou na sala,
ao ver as comidas e bebidas, não teve dúvidas em desfrutar daquele
banquete e sentar-se ao lado das pessoas que também comiam. As
carnes dos pastéis ainda estavam frescas, mas o vinho parecia
intragável. A massa daquele bolo tinha um aspecto esbranquiçado,
alvíssimo, talvez por não ter tido tempo de ser assado devidamente.
Ficou furioso e desgraçou o péssimo cozinheiro.</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">- Um ser humano
educado, exemplar vizinho e sempre atencioso com todos. Sua nobreza
era incontestável...</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Soltou o prato sobre a mesa e, surpreso,
deparou-se com um caixão repousado bem no meio da sala. Chegou
perto, contemplou o rosto do defunto e então percebeu que já o
conhecia de algum lugar. Mas quem seria? Ao levantar a cabeça, acima
do cadáver, deu de cara novamente com o rosto do falecido.
Tratava-se de seu próprio reflexo reproduzido em um espelho antigo
que adormecia por muitos anos bem no centro daquela parede. </span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">-
Coitado, nem ao menos herdeiros deixou...</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">- Dizem que morreu por
causa de um Emplastro!</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">- Emplastro?! </span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Desconsolado,
entendendo agora com clareza os fatos, retornou em passos lentos para
o local de onde havia saído. As qualidades ficavam e os defeitos já
estavam destinados a ir, junto ao corpo Santo, em direção à cova e
aos vermes que os corroeriam lentamente. - Matamos o tempo; mas o
tempo nos enterra - pensou. Acomodou-se novamente na velha poltrona e
adormeceu. </span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">---------------------------------</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">- Joaquim,
Joaquim**...</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Sem resposta ao chamado, Carolina***, deixando ele
então descansar, apenas recolhe o livro abandonado sobre as pernas
do marido, fecha-o e observa:</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">- Hum, Memórias Póstumas de Brás
Cubas...</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><strong><br /></strong></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><strong>
</strong></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><strong>PS: Esse conto foi </strong><span style="font-variant: normal;"><span style="color: #333333;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"><strong>premiado
como primeiro cololocado no Concurso literário que comemorava os 100
anos da morte de Machado de Assis, os 100 anos de nascimento de
Guimarães Rosa e Cyro Martins, pela UNISC - Universidade de Santa
Cruz do Sul, no ano de 2008.</strong></span></span></span></span></span></span>
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<br />
<div class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; line-height: 0.45cm; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
</div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-50333883591887094432012-11-09T01:04:00.000-02:002012-11-09T01:04:00.293-02:00Às quatro e meia - um conto de Glauco Schneider<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> "S</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">olidão é não ser eu. É não ser o outro.”
</span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">(Clarice Lispector)</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Ele era apenas o porteiro do teatro. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Para aquela tarde
chuvosa de inverno, estava reservada uma sessão. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">A sessão em que
deveria representar o célebre Rafael Silveira, famoso e consagrado
ator dramático. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">O ato consistiria em uma matinê especial,
suplementar. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Neste ato único, Rafael recitaria um monólogo longo,
acompanhado logo após, à maneira de conclusão, por uma pantomima,
em que o célebre ator também era um dos expoentes, entre seus
pares. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Contudo, fazia muito frio. E chovia. Do hall da entrada, ele,
sentado a uma cadeira diante de uma mesa de mogno antiga, estava a
dormitar. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"></span></span><br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">De tempos em tempos, como sua cabeça encanecida descaísse
sobre o peito do uniforme azul, erguia-a num rompante, quase
convulso, pois um vislumbre de sua obrigação e atitude como
porteiro o avisava que tinha de manter-se em vigília e de expressão
serena, para o caso de aparecer gente, provável audiência para a
sessão da tarde. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Foi sorte. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Ele lia uma revista em quadrinhos,
trocada por outra de cruzadas e labirintos, num sebo, quando o
diretor, de smoking aberto na gola, sem a gravata borboleta, a camisa
do smoking desabotoada e com alguns pingos de molho de tomate, o
procurou, com um ar de preocupação. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Ele congratulou-se por não
ser pego a roncar ou, dormitando, babando sobre o uniforme. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">O
diretor falou: (como se o caso fosse uma bagatela, uma ação tão
simples como subir uma escada ou sorrir para um espelho): “O senhor
Rafael não pode vir”. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">E , com uma expressão que não escondia o
desprezo, por ambos, pelo porteiro e pelo artista: “Ele só gosta
de subir ao palco contando com o aplauso, a apoteose de júbilo
egotista e vaidoso recebida, até descer o pano”. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">“Você não
poderia substituí-lo? Eis o que tem a fazer: vá, enfrente o palco,
corajosa e tranquilamente. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Invente um monólogo qualquer. Depois...
Depois faça umas graças – pode constar de bramidos... Deixa
ver...Uivos...Relinchos. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Sapateie, dance frenético como um cossaco,
careteie e bufe, ao seu gosto. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Quanto mais tolices representar, sem
perturbações, maior sua chance de sucesso – ou ao menos não ser
vaiado.</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> Ele viu-se de súbito tomado de uma fortíssima
ansiedade, e aflição, como jamais havia sentido em toda sua vida,
modesta e anônima, vida de solteirão pobre, em raras vezes,
remediado. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Mas de imediato decidiu (não fosse ser despedido, por
rebater a proposta com uma negativa). </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Talvez, tacitamente, o homem
obeso do smoking lhe reservasse uma promoção ou aumento de salário
ou, ao menos, a dispensa de lavar as latrinas do teatro, domingos ao
entardecer.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">“Sim, senhor. Senhor, às quatro e trinta o senhor
disse?” </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">“ Sim, isto mesmo.”</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> Até lá, seu dia foi inteiramente modificado. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Sentia
como tivesse de embrenhar-se num campo de batalhas medieval, sem
estar certo da fortaleza de sua couraça, elmo ou espada. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Ia e
voltava no largo e marmóreo espaço do hall, por vezes contemplando
detidamente duas estátuas femininas mutiladas de gesso, cópias
ruins de modelos gregos. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Fumou. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Fumou uma carteira como se todos os
cigarros fossem um só. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Ao chegar ao último, surpreendeu-se – e
também observou que talvez o tempo todo seu rosto se crispasse, os
maxilares apertados como antes de uma carga de cavalaria- e, com o
coração aos pulos, verificou que já eram três e cinquenta. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Sem
entender o que aquele pequeno círculo atado a seu pulso estava
afinal a fazer ali (assim um pássaro maníaco percorre a superfície
agitada de um lago, em círculos, sempre), com passo apressado
dirigiu-se aos bastidores. Um corredor repleto de fantasias ,
máscaras diversas e roupas estrambóticas ou comuns atirados cá e
lá levava a um dos camarins. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Não havia ninguém ali, e isto não
surpreendia. O diretor também sumira, como um mensageiro de más
novas difíceis de superar, mensageiro evanescente como instáveis
nuvens negras. Colocou-se logo atrás do pano de boca. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Olhou, ergueu
num átimo sua cabeça, e mirou o teto dos bastidores devastados,
exato naquele ponto. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Discerniu roldanas, e, um tanto mais atrás,
quadros de paisagens diversas sustentadas também por jogos de
roldanas e cordas. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Suspirou. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Ficou um tanto mais hirto e
compenetrado (em que?). </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Como que movido por si mesmo, o pano
ergueu-se, umas cortinas velhas remendadas puídas aqui e lá,
marrons a que a sujeira de muitas estações e espetáculos tornara
já quase imprestáveis, mesmo por isso não perdiam o seu caráter
intimidador. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Ele sentiu-se um astronauta , abrindo a porta de sua
cápsula, para entrar dentro de uma grande nave alienígena, mas
sorrateiramente disfarçada, talvez habitada por velhos espíritos
cuja silenciosa, invisível zombaria ocultaria a vontade de vê-lo
fracassar. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Sim, era o que transpareciam, afinal, em seus objetos
triviais, de uso quotidiano, dançantes em imobilidade quotidiana
que por vezes nos parece ocultar alguma resistência hostil, as
cadeiras de madeira estofada, as galerias no andar de cima exibindo
filigranas nos frisos e apenas, do palco, visíveis os espaldares de
poltronas, ostensivos em velho luxo, como tronos de reis e rainhas, e
ainda, sim, dando luz a este lugar como um olhar febril irradiante,
lamparinas amareladas como que de trens imóveis em brumas de
estações perdidas.</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> Ele lançou um olhar um tanto assustado ao auditório.
Estava vazio, exceto por uma criança maltrapilha, que, numa das
poltronas do auditório térreo, aos fundos, olhava o palco (e,
talvez , a ele) como que a meditar sobre a condição dele e de todos
os ausentes e possíveis presentes, com fisionomia pálida e
inexpressiva, de peixe morto, de busto de sábio filósofo, caído na
água de litoral subitamente trazida à tona. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> Tal criança, ao notar a sua presença no palco – na
verdade, como quem percebe algo maior que uma mosca, à distância -
logo se pôs de pé, sacudiu o que sentia ou pensava em sua cabeça
com as duas mãos, a modo de uma escova na cabeleira rebelde castanha
e, antes de ir-se embora, apanhou ao pé da poltrona, uma caixa de
engraxar sapatos.</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> Não havia nada em todo o teatro além de
infinitesimais partículas de poeira, movendo-se em meio a odores
velhos de perfumes caros ou baratos, sob os halos amarelados de
tantas luminárias altas e baixas. Relógio talvez mais seguro, mas
difícil de consultar.</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> Em todo caso, pensou ele, mais sentiu que pensou, as
palavras não chegando a se formar em sua cabeça, ele tinha de
cumprir com sua obrigação. Acreditava nisso: na obrigação moral,
a ética do dever.</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> Pigarreou respeitosamente. Não se sentia sozinho , e
isto era , por uma parte acalentador e bom, e por outra ruim e
perigoso. Testou a voz. Fez: “Olá, como vão todos?” E, ao
dizê-lo, sentiu aquela frase repercutir estranhamente em si mesmo.
Como se sua alma fosse composta de um bando de gente incógnita, que
conversava atarefadamente em corredores intercomunicantes como
artérias e veias, em outra dimensão à qual fora alçado. A partir
daí, iniciou a falar, não de si, assunto corriqueiro para quem o
vê bem de perto, mas de seus sonhos: disse: “na semana passada
sonhei que minha avó estava viva e, com seu riso, animava um sarau
em que uns poucos amigos estavam à vontade, tomando chimarrão. Um
cão preto se meteu entre as cadeiras da mesa e engoliu um pequeno
escorpião. Isto fez com que vomitasse uma larva, a qual se
transubstanciou em uma linda árvore, de flores roxas, em que pousava
uma miríade surpreendentemente, fantasticamente bela, de borboletas,
todas azuis, faiscantemente azuis, e o pulsar ritmico delas parecia
que conseguiria levar para os altos ares não só a árvore, como o
cenário todo. Sim, o sonho também era um palco de teatro, atrás
do qual talvez houvesse outros tantos palcos e teatros, a perder de
vista e noção, eu senti isso, adivinhei, como um cego sente que há
uma escada quando seu pé toca o primeiro degrau”.</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Repetiu, um tanto com a boca seca: “Sonhei
também...”. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">“Bem, sonhei que em uma multidão incontável de
pessoas, dispostas em cores sombrias à beira de um rio, a minha
sombra, apenas a minha sombra, dentre tantas, procurava por outra que
se lhe assemelhasse, mas aí soava um telefone de um orelhão, que
até aquele instante não reparar, e que ficava à margem do mesmo
rio, e toda a multidão se encaminhou, atropelando-se uns aos outros
às vezes ferindo-se gravemente, todos com o intuito de atender o
telefone, mesmo que eu não soubesse por que, poxa, eu também tinha
a mesma urgência de atender o tal telefone...” </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Mas notou que a
ausência , no auditório, o escutara e o vira, quem sabe com alguma
reprovação... Uma irracional e hostil desaprovação, pairando ,
por todos os cantos do recinto.</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Chegou a cogitar em fazer, urdir, tecer alguns gestos à
toa, no ar, como um aprendiz canhestro de Chaplin. Mas nem nos dias
mais animadores de sua vida foi presunçoso sem ter pagado caro, bem
caro por isso. Talvez um diretor geral de todos os espetáculos não
o permitisse, impunemente. Ele sentiu isso, mas optou por não se
desanimar. Seus braços descaíram. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Juntou as mãos, num gesto em
que uma mão abrigava e deixava junto a si a outra, um espaço oco
entre ambas, como se a guardar ali uma pomba, viva, saudável.</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Inclinou todo o torso, como um cortesão de séculos
passados, diante de alguma bela aristocrata a quem distraiu de modo
diverso, durante um lapso. Reergueu o torso, e provavelmente voltou
a seu posto, no hall.</span></span></div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-51275174901320595812012-11-08T01:34:00.000-02:002012-11-08T01:34:00.105-02:00Vamos libertar um livro?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxdlEVfAFzEAv5KI2zXWR48OjvUTB2gwe6ipJyOD40eQzMudKGRRYga0FDllXJsd9qda4hbhwqPgBfguthWuIDpldjOEa7hCEABqFW2eZl_ES7xNLnX7PNBD2X4_WMWFVilYyZ0AjfX6g/s1600/bc18.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="345" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxdlEVfAFzEAv5KI2zXWR48OjvUTB2gwe6ipJyOD40eQzMudKGRRYga0FDllXJsd9qda4hbhwqPgBfguthWuIDpldjOEa7hCEABqFW2eZl_ES7xNLnX7PNBD2X4_WMWFVilYyZ0AjfX6g/s640/bc18.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Liberte um livro! Apoie essa idéia. </div>
<div style="text-align: justify;">
É simples: </div>
<div style="text-align: justify;">
1º) escolha um livro, </div>
<div style="text-align: justify;">
2º) coloque um bilhete dentro informando que aquele livro foi esquecido de propósito e que aquele que o achar, ao acabar de lê-lo pode fazer o mesmo: esquecê-lo novamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
3º) deixe o livro em algum lugar: banco de praça, ônibus, shopping, enfim vale a imaginação de cada um. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O objetivo é esquecermos um livro cujo conteúdo possa interessar a uma outra pessoa, e, assim fazer com que o hábito da leitura seja levado a mais pessoas que muitas vezes não têm condição de adquirir um livro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Modelo do bilhete a ser fixado na parte interna do livro</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBmSNrL6LZlF8OrF8w-yS5imkeSyiXBSaqHnDtzi2sBy3c_casWlsaan8JedzTGTDV0SdZt_zOXzv5eMDdMbdPuIYmdmSIPRHQJ2HSwb4fSfIDmB4S6kzH_xjT1uCz1psnAxxzyw6cRjCY/s1600/270484_10151065488361332_1880008897_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="386" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBmSNrL6LZlF8OrF8w-yS5imkeSyiXBSaqHnDtzi2sBy3c_casWlsaan8JedzTGTDV0SdZt_zOXzv5eMDdMbdPuIYmdmSIPRHQJ2HSwb4fSfIDmB4S6kzH_xjT1uCz1psnAxxzyw6cRjCY/s400/270484_10151065488361332_1880008897_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-18198194125897718392012-11-07T13:52:00.000-02:002012-11-07T13:52:00.721-02:00Sobre Livros & Leituras - por Dilso dos Santos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgweToNgxi_rKIgi57LTkkjK9gw6NoUfsCMv9gQ9_BdCPUS_ZNnai-stng9nX2bXOUPE6C47mdEZ4JhlpIhGY1zGjT0QUJQu36wBB_DeVNx0byKvOtNaCrNd0Zvhyphenhyphen8iEB35nmm959d_GC0/s1600/dilso.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgweToNgxi_rKIgi57LTkkjK9gw6NoUfsCMv9gQ9_BdCPUS_ZNnai-stng9nX2bXOUPE6C47mdEZ4JhlpIhGY1zGjT0QUJQu36wBB_DeVNx0byKvOtNaCrNd0Zvhyphenhyphen8iEB35nmm959d_GC0/s1600/dilso.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Existem algumas
oportunidades especiais que – se nos permitirmos – podem
salvar-nos a alma, ou no mínimo dar um pouco de prazer e sentido a
ela. Digo isso por conta do cenário todo revestido de rostos, cujas
personas modificam-se pelas palavras, mas que retornam ainda mais
vivas no exato momento em que terminam a leitura e olham para fora
das páginas como se tivessem saído de um transe meditativo e único.
Neste momento é possível sentir uma energia tensionada a modificar
e contagiar a todos os espíritos dos frequentadores deste, que é o
meu mais novo achado: o Sobre Livros & Leituras (SSL). </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span><br />
<span style="color: #333333;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"></span></span></span><br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Explico:
puxados pelo cheiro de café e pelos temperos dos verbos, acabei
encontrando comigo e com pessoas que, até então, não conhecia, mas
que – para minha </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span><span style="color: #333333;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">surpresa
– dividiam comigo a mesma paixão pelos livros, pois, em meio a
vida prática, naturalmente, acabamos pensando que a maior parte do
mundo vê a literatura apenas como algo trivial, contudo, se
perguntados, acham-na de extrema importância. Mas o importante mesmo
é que achei a verdadeira Ítaca, um porto seguro onde não há esse
tipo de trivialidades e onde também é possível sentir os panos
confeccionados até o fim (sem precisar desfazê-los por conta de uma
eterna espera) por muitas representações de Penélopes, que são
nossos escritores locais no reencontro com seus leitores. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Neste
momento, expondo estes pondo de desabafo, já posso respirar, uma vez
transformei a repetição em palavras que se repetirão diferentes
nos pensamentos de todos os que tiverem tempo para refletir sobre
algumas horas na vida de simples mulheres e homens que se encontram
em alguns sábados destes para falar de livros e senti-los pela troca
de sensações. Sinto que assim (se lido) renascerão novas legiões
de espíritos que partirão do porto que fizemos em nossos peitos,
pois sei que estarei envelhecendo e morrendo se não compartilhar e
transformar este nosso círculo literário em retas. Sim, meu desejo,
com esta reta, é confeccionar muitas e longas flechas para serem
lançadas para longe, pois quero que atinjam mais espíritos
solitários, tal como fui atingido e que tento agora retribuir.</span></span></span></div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-23733994576744038782012-11-05T13:22:00.000-02:002012-11-06T06:53:14.583-02:00O desafio do Glauco - Parte 2Continuando o projeto de colocar as postagens em dia... Ainda sobre o desafio proposto em agosto. Abaixo o texto da colega Jorcenita Alves Vieira.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Foi há dezessete anos, em Rio Grande.
Eu havia começado o curso de Biblioteconomia quando a professora da
disciplina </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Evolução dos livros e Bibliotecas</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> solicitou que
escrevêssemos um texto falando sobre a nossa relação com o livro,
ou como tínhamos iniciado o hábito da leitura. Como “a história
se repete sempre uma segunda vez</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">”</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">, há aproximadamente um
mês, foi-nos solicitado que produzíssemos um pequeno texto contando
sobre os motivos pelos quais começamos a ler, ou mais precisamente o
que nos tornou leitores. </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i><br />
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"></span></span></i><br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Hoje é sabido que é nos livros que a
criança aprende a desvendar os mistérios da escrita, que o
cientista oferece à posteridade suas teses, antíteses e sínteses,
que o filósofo divaga entre o Ser e o Não Ser, entre sombras e
luzes, que o poeta divaga abrindo seu coração em que o Eu, o Outro,
e o Nós encontram informações e conhecimento, fé e esperança,
vida além da vida.</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Durante boa parte de minha infância,
para não falar em toda, tive um contato a distância com o livro,
exceto a Bíblia, que me era apresentada como verdade imutável, como
a palavra de Deus falando diretamente a nós, meros seres mortais.
Nas raras oportunidades que me foram dadas, folheava Bíblias
ilustradas e então conseguia associar às figuras ali apresentadas,
histórias anteriormente assimiladas, através da tradição oral.
Aquelas figuras foram as minhas primeiras leituras dos livros e me
fascinavam de tal forma que até hoje sinto uma certa atração por
filmes e histórias que narram a vida dos povos da antiguidade, como
hebreus, fenícios, persas, egípcios, romanos, etc.</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Em 1978 entrei para a Escola formal,
surgiu, então, o meu primeiro contato com o livro como fonte de
educação e conhecimento. Aprendi a ler e valia-me desta habilidade
para ler, reler e decorar histórias dos livros, recitando,
envergonhada, diante de uma sorridente diretora e de uma orgulhosa
professora.</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Lembro da minha decepção quando no
intervalo procurava a biblioteca e desolada olhava a porta fechada, e
como a maioria das crianças, logo me punha a correr e brincar junto
aos meus colegas de classe, perdendo um mundo fantástico que ficava
chaveado na hora do recreio.</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">De 1982 a 1985, passei a ler alguns
dos clássicos da literatura brasileira, autores como Machado de
Assis, José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, gibis, coleções
de livros de bolso, livros da Série Vaga-Lume e romances das
coleções Júlia, Sabrina, Bianca e Barbara Cartland. No entanto,
sempre foi-me ordenado apagar a luz e dormir, e assim, uma vez mais,
um mundo fantástico ficava no escuro e eu não conseguia ir muito
além.</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Depois de alguns anos, passei a ler
livros mais volumosos, o que não configurava, no entanto, maior
complexidade ou qualidade. Tratava-se de livros relativamente fáceis,
com pouco conteúdo reflexivo, mas que me proporcionavam
indescritível prazer. Li autores como Daniele Steel, Irwing Wallace,
Arthur Hailey, etc. Neste período li a Bíblia. Era muito comum na
Bíblia marcarem prazos de três dias e escolherem três pessoas para
determinadas finalidades, </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Lucifer levou consigo a terça parte dos
anjos, três filhos de Noé repovoaram a terra após o dilúvio,
Daniel orava três vezes por dia, Jesus ressuscitou no terceiro dia,
três foram os reis magos, até as democracias atuais são
constituídas de 3 poderes</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">... Talvez influenciada pelo misticismo
do número 3, li a Bíblia três vezes, neste período.</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Em 1990, quando entrei para o curso de
Licenciatura em História, percebi o quanto havia perdido e cheguei à
conclusão de que, com as leituras que eu tinha, eu conhecia pouca
coisa. Nunca havia lido a </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Divina Comédia</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">, não conhecia </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">O
Nome da Rosa</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">, nunca tinha lido sobre a </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">História de Tróia</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">,
em suma, havia lido poucos livros proveitosos para a minha vida
acadêmica e para entender um pouco a complexidade do mundo.</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Concluí que, como não conseguiria
ler todos os autores e livros do mundo, ao menos deveria tentar ler
os bons e consagrados autores e os clássicos da literatura
universal. Foi então que, preocupada com este problema, que me era
apresentado, comecei a ler </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Tudo o que você precisa ler sem ser um
rato de biblioteca</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">: roteiro completo dos livros básicos para a
sua vida, de Luiz Carlos Lisboa, onde havia sugestões de livros
essenciais para vida. Me perdi lendo </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Satiricon </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">de Petrônio,
me surpreendi lendo </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Decameron</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">, de Boccaccio, me deliciei lendo
</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Gargântua</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> de Rabelais e viajei com </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Dom Quixote</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">, e nos
mais de 8 volumes das </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Mil e uma noites.</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">O livro em si, sempre foi para mim um
prazer. Ele tem a capacidade de me transportar para um outro mundo
cheio de surpresas, encantos, alegrias, como também dores,
sofrimentos e até decepções. Um mundo não muito diferente do que
vivo, mas que tem a particularidade de fazer as coisas acontecerem em
um nível que dá mais sentido, afinal, para Daniel Pennac “A
virtude paradoxal da leitura é de nos abstrair do mundo para nele
encontrar algum sentido”.</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Fascino-me com a capacidade dos
autores, com a narrativa, com a descrição longa ou sucinta,
objetiva ou subjetiva, com o fato em si, com as histórias reais,
imaginárias ou fantásticas, dos livros. Abro-os com cuidado,
principalmente quando novos, evito dobrar as páginas. Quando carrego
os livros, faço-o com orgulho, pois sei que eles trazem informações
que poderão se transformar em conhecimento, permitindo-nos sair do
obscurantismo e alcançar a luz do conhecimento, transformando-nos em
pessoas um pouco melhores, pois, além de educar a alma, os livros
fecundam o saber, mudam as pessoas, preenchem os vazios e iluminam a
consciência. E, acima de tudo, é ele, o Livro, que traz a nossa
história, a história da humanidade.</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Os livros trazem, por mais específicos
que sejam, </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Histórias extraordinárias</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">, que excedem </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">As mil
e uma noites</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> de leitura, e </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Sob a luz das estrelas</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> podemos
folheá-los e fazer nossa imaginação voar, como fez </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Fernão
Capelo Gaivota</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">, descobrindo assim, que </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Felicidade não se
compra</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">, mas seguindo </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">O processo</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> de leitura consegue-se
conquistá-la a cada página, a cada </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Metamorfose,</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> a cada
conhecimento adquirido e </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Se houver amanhã</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">, com </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Guerra e/ou
Paz</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">, teremos a oportunidade de aplicar este conhecimento, para
tentar chegar a uma sociedade mais humana e mais justa, onde o </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Amor
nunca é demais</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"> e poderemos viver </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">“sem” Anos de solidão</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">
quem sabe num </span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">País das maravilhas</span></span></i><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">.</span></span></i></div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-51453752553507978302012-11-04T13:17:00.000-02:002012-11-06T06:52:51.714-02:00O desafio do Glauco - Parte 1<div style="text-align: justify;">
Olá, pessoal! Bom, finalmente tirei um tempo para atualizar o blog. E como tem coisa para organizar... Principalmente nessa área das postagens. </div>
<div style="text-align: justify;">
No encontro de agosto o novo integrante, Glauco Schneider, desafiou o grupo a escrever um pequeno texto de como iniciou sua relação com os livros e a escrita. O primeiro texto publicado abaixo é do nosso colega Marcelo Augusto Ferreira.</div>
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"></span></span><br />
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><i>Gostaria
muito de ser como aqueles que recordam facilmente dos fatos de sua
infância. Entretanto, infelizmente, não faço parte deste grupo de
sorte. É claro que não padeço de Alzheimer, bem o sabe quem me
conhece. Mas algumas coisas emergem, vez por outra, dos porões da
memória. Lembro, por exemplo, dos tempos em que tinha meus dez, doze
anos, e retirava livros na antiga biblioteca do SESI, algumas quadras
abaixo de minha casa. Também visualizo algumas aulas, no São Luís,
em que contava aos colegas sobre os livros que havia lido, tarefa de
aula de Língua Portuguesa. Ao contrário da maioria dos colegas,
gostava muito disso, devo confessar. O quatrilho e O vampiro de
Curitiba são dois títulos que tenho certeza que relatei. Este
último, inclusive, foi bastante engraçado, pois continha situações
de sexo e eu acaba recorrendo a uma série de metáforas engraçadas
para me referir ao ato em si, e a turma caía na gargalhada. Até
mesmo a professora, normalmente bastante séria, acabava por soluçar
com certo constrangimento. </i></span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><i>Bom,
acredito que a partir deste breve histórico pessoal, talvez se
justifique minha presença no grupo Sobre Livros & Leituras.
Penso que o ato de ler não precisa ser colado à ideia de
isolamento, como muitos acreditam. As histórias que o livro nos
conta, podemos contá-las oralmente, iremos, fatalmente, carregá-las
em nossa imaginação. Este conteúdo pleno de significados, rico em
situações, hipotéticas, fictícias, plausíveis, emocionantes,
informativas, revoltantes; é uma caixa de ferramentas para nosso
pensamento, um tônico cerebral, um amplificador de horizontes e
possibilidades, um bálsamo às enfermidades mentais. Poderia ficar
um dia inteiro citando os benefícios do universo da leitura, e mesmo
assim não conseguiria atingir um ponto final. O universo literário
é infinito, pois sua fonte é a criatividade humana, essa caixa de
pandora que ultrapassa os limites da quantificação.</i></span></span></div>
<i>
</i>
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<i>Apesar
de eu não ser um leitor inveterado de literatura, como alguns dos
amigos, até por questões de tempo, muitas vezes, ou por priorizar
leituras mais técnicas, relacionadas ao meu trabalho, adoro
participar e quero organizar melhor o meu tempo e me empenhar um
pouco mais na prática salutar e fantástica da leitura. Sei que isso
só depende de mim, mas a despeito de todos aqueles predicados que
citei há pouco acerca do ato de ler, também devo reconhecer que ele
requer um certo esforço. É preciso empenho para se manter sentado
olhando para um papel, inerte; manter o foco, deixando passar ao
largo os fugidios pensamentos que insistentemente batem à porta da
consciência, disputando espaço com a atenção do leitor. E muitas
vezes a preguiça me vence, devo admitir. Nessas horas, sinto até
vergonha e invenjo positivamente meus pares que lêem com afinco e
constância. Oxalá um dia eu cheuge lá! Vocês me servem de modelo
e inspiração e o simples fato de partilhar de seu tempo, ouví-los
falando de suas leituras, me faz sentir extremamente grato ao
destino, por ter oportunizado pertencer ao mesmo espaço/tempo que o
seu, mesmo </i><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><i>que por alguns instantes mensalmente.</i></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><i>
</i></span></span></div>
<div class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><i>
</i></span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><i>Termino
por aqui meu parecer pessoal, dizendo: obrigado pela companhia, a
vocês, amigos, e também àqueles que não têm vida biologica, mas
fazem toda a diferença em nossas vidas: os livros. Eles que são
"seres" de seus criadores, os escritores. Assim como este
textinho aqui, que acabo de produzir e não existiria se não fosse a
provocação bem-vinda do Glauco.</i></span></span></div>
<span style="color: #454545;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></span>
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 2; widows: 2;">
<br /></div>
SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-2126776724677151312009-05-12T08:49:00.000-03:002012-05-04T14:03:34.864-03:00Desmistificando a história de Santa Cruz (com literatura!)<div style="text-align: justify;">
<i>* Aproveitando o embalo, no encontro anterior ao de Lya Luft, do Sobre Livros e Leituras, o "tema" foi a obra recentemente relançada, A Valsa da Medusa, da Valesca de Assis - de que fala, aliás, uma postagem aqui no blog. Na mesma época (2002) que redigi um pequeno comentário sobre o livro da Lya, A Asa..., fiz um sobre A Valsa..., ambos sob um olhar de quem quer retirar especialmente aspectos da história local e as relações étnico-raciais. Então, posto abaixo, "para quem interessar possa"...</i></div>
<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A literatura muitas vezes pode ampliar a nossa visão sobre o mundo e, mesmo, sobre a história de Santa Cruz do Sul. É o caso, entre outras, da obra A valsa da Medusa (Editora Movimento, 1989), de Valesca de Assis, outra escritora, que, junto com Lya Luft, montam, a partir de suas vivências e conhecimentos, narrativas de excelente densidade social e psicológica. Valesca, através da ficção, baseada em situações reais ou factíveis, e também vários personagens verídicos, amplia o nosso olhar, penetrando na diversidade de indivíduos, grupos e acontecimentos que foram moldando a comunidade santa-cruzense. Saímos de estereótipos, unilateralismos, da epopéia para a crueza própria do ser humano.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Um pequeno trecho do romance, que transcorre em meados do século 19 – ainda, portanto, no início da introdução de imigrantes germânicos (entre outros) na região –, nos coloca frente a inter-relações étnicas ainda pouquíssimo estudadas aqui no Vale do Rio Pardo, especialmente em Santa Cruz do Sul, ou seja, os índios (e/ou descendentes indígenas) e os imigrantes germânicos, além do conflito de identidades regionais trazidas de uma Alemanha ainda em formação.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Pois bem, o colono de sobrenome Schneider comenta com o professor Waldvogel em meio aos calores de uma queimada para a abertura de terreno à lavoura: “Parece mentira que esses índios tenham alguma coisa a nos ensinar. É como se nós, renanos, tivéssemos algo a aprender com a gente atrasada da Pomerânia; como se o sacristão pudesse dizer missa ao vigário! – Peter Schneider cuspiu para o lado e olhou de viés para Inácio Correia (o personagem indígena), seu empregado. – tenho de me cuidar – segredou – logo essa bugrada ladina estará entendendo alemão.” A narradora complementa, no parágrafo a seguir, que “Todo aquele discurso nasceu da curiosidade de Tristan Waldvogel em saber detalhes sobre esse modo peculiar de dobrar a natureza: a coivara, coisa de índio. Nada obteve, senão a indignação de Schneider diante da superioridade dos nativos, ao menos no domínio de uma técnica.”</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O preconceito é explicitado muitas vezes ao longo do livro. Outro colono teuto, “Herr” Eick, diz ao já citado Waldvogel: “Sabe, professor, eu não consigo aceitar os brasileiros como gente igual a nós. São burros, desdentados, feios; sinto repulsa em vê-los, em ter de apertar sua mão. Não sei como D. Pedro pode governar gente tão irrisória: é como reinar sobre um bando de macacos; não há a menor ressonância, o menor respeito.”</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Nem só o elemento indígena nos é apresentado em A valsa da Medusa. Além da real e importante figura do imigrante norte-americano Guilherme Lewis, proprietário de escravos negros que trabalhavam em uma olaria nas imediações do então Faxinal do João Faria, hoje cidade de Santa Cruz do Sul, Valesca introduz em seu escrito a presença de brasileiros de outras províncias do país – que, de fato, estava ocorrendo conjuntamente à instalação das levas emigradas da Europa. Ela escreve assim: “Ruidosa como sempre, foi à chegada (em uma reunião com o diretor da Colônia de Santa Cruz, João Buff) dos baianos, liderados por José Gonçalves, na verdade o único baiano do grupo formado por ele, um paulista e dois paraenses. Os quatro haviam lutado contra Rosas (ditador argentino, morto em 1877), encantaram-se com o sul e decidiram ficar por aqui, onde casaram – a contra-gosto de algumas famílias – com moças alemãs.” Estamos diante da miscigenação e, de novo, de relações não-pacíficas entre grupos e identidades étnicas.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
E é assim, através de contrapontos explicitados em trabalhos como A valsa da Medusa, que vamos formulando uma história de Santa Cruz do Sul e região menos mistificada, mais humanizada e etnicamente inclusiva.</div>
<br />
<div style="text-align: right;">
Iuri J. Azeredo</div>SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-23492639037903276972009-05-12T08:42:00.000-03:002012-05-04T14:01:56.815-03:00Conflito étnico na Asa Esquerda<div style="text-align: justify;">
<i>*No encontro do Sobre Livros e Leituras do dia 9 de maio de 2009, abordamos a autora Lya Luft. O texto abaixo foi um dos trazidos para "subsidiar" a conversa da mesa, escrito lá por 2002.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma das facetas que mais achei interessante no profundo romance A asa esquerda do anjo, da escritora santa-cruzense Lia Luft, é a exposição do conflito étnico que vivencia a protagonista da história, chamada por uns – “à maneira alemã” – de Guízela, e por outros de Gisséla – “em brasileiro”. O ambiente da cidade parece inspirado na Santa Cruz do Sul em torno dos anos de 1950.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
São várias as passagens onde aparecem explicitamente litígios pessoais e sociais de fundo racial. Em certa altura da leitura, a personagem, que é neta de uma austera e conservadora avó de origem alemã, narra uma experiência de infância passada na escola, quando se depara com colegas que gritam em desprezo e ofensa a ela: “Alemão batata come queijo com barata”. Atordoada, Gisela retruca que em sua casa ninguém come tal coisa. As colegas, em clima de “lusos-descendentes versus germânicos”, não desistem: “Come sim, meu pai disse que vocês comem coisas esquisitas”, complementando que os alemães “vivem no Brasil e dizem que a Alemanha é melhor. E querem ser mais que a gente”. Vendo seus protestos e considerações não surtirem efeito apaziguador, Gisela, magoada, acaba por “devolver na mesma moeda”, e então insulta às “brasileiras” com um argumento derradeiro: “E vocês que têm sangue negro!”</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Coisa terrível. A afro-descendência é usada como o máximo dos rebaixamentos da pessoa. Percebemos, assim, que, em meio a uma escola – conforme se pode concluir – freqüentada apenas pela elite branca da cidade, a hostilidade étnica mantêm-se, é grande e reafirma estereótipos, como a “superioridade ariana” dos descendentes de imigrantes alemães no Brasil em contraposição à “contaminação genética” que os de origem lusa teriam; a “não-brasilidade” dos teuto-descendentes e o conseqüente “perigo alemão” de que nos fala René Gertz. Sobretudo, no conjunto do conflito dessas meninas com raízes européias retratadas no romance, depreende-se a comum ojeriza dos brancos aos negros, enfim, o racismo explícito no seio da comunidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Lia Luft tem dito em suas entrevistas à imprensa que, de fato, vivenciou em seu tempo de criança e adolescência o peso do preconceito racial/cultural e os dramas humanos por ele produzidos. Assim, a A asa esquerda do anjo, mesmo que ficção, faz uma denúncia à intolerância, donde percebe-se o rompimento da autora com ilusões, mitos e tradições “puristas”, que, ao invés de incluir, excluem pessoas, com um saldo enorme e absurdo de sofrimentos desnecessários.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
Iuri J. Azeredo</div>SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-1815782208764834882009-03-15T18:01:00.000-03:002012-05-04T13:59:07.705-03:00Roth no cinema - Philip e Isabel Coixet<div style="text-align: justify;">
Fãs do Philip Roth! Depois da adaptação de <i>A Marca Humana</i> (no Brasil o título no cinema é Revelações), está por aí o <i>Fatal</i> (em inglês ficou Elegy), adaptação do romance <i>O Animal Agonizante</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Não vi essa segunda adaptação, mas já li resenhas e outros materiais na internet, além do treiler. Não sei...</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Achei interessante que a diretora do filme é a espanhola Isabel Coixet, do sensibilíssimo - e megamelancólico - <i>Minha Vida Sem Mim</i>. Talvez fique melhor que o <i>Revelações</i>, que achei muito aquém do romance.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Outro filme - que também não vi, mas li coisas - da mesma diretora desse Fatal, adaptação de<i> O Animal Agonizante</i>, de Roth, é <i>A Vida Secreta das Palavras</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Que título interessante! Para que gosta de palavras, está aí um baita chamariz... A sinopse do filme da espanhola Isabel Coixet, que tirei do site "oficial", é a seguinte:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
"Un lugar aislado en medio del mar: Una plataforma petrolífera, donde sólo trabajan hombres, en la que ha ocurrido un accidente. Una mujer solitaria y misteriosa que intenta olvidar su pasado (Sarah Polley) es llevada a la plataforma para que cuide de un hombre (Tim Robbins) que se ha quedado ciego temporalmente. Entre ellos va creciendo una extraña intimidad, un vínculo lleno de secretos, verdades, mentiras, humor y dolor, del que ninguno de los dos va a salir indemne y que cambiará sus vidas para siempre. Una película sobre el peso del pasado. Sobre el silencio repentino que se produce antes de las tormentas. Sobre veinticinco millones de olas, un cocinero español (Javier Cámara) y una oca. Y sobre todas las cosas, sobre el poder del amor incluso en las más terribles circunstancias."</div>SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-53472058643729270072009-03-15T17:55:00.000-03:002012-05-04T13:56:51.945-03:00A Medusa que valsa em Santa Cruz do Sul: romance de Valesca em terceira edição – pra ninguém deixar de ler<div style="text-align: justify;">
Anos atrás, quando li pela primeira vez o A Valsa da Medusa, lá por 2001, da Valesca de Assis, fiquei tão impressionado que desatei a anotar passagem. O romance saiu originalmente em 1989 – uma estréia de uma escritora já madura e habilidosa, como comenta Antonio Hohlfeldt na apresentação da obra.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas além de todo o clima produzido pelo desenrolar da história (ou das histórias), estava a me “causar espécie” o contexto da narrativa toda: tratava-se de Santa Cruz do Sul nos primórdios da colonização germânica na região, ou seja, os anos 50 do século XIX – quando, por Rio Pardo, passando pelo Faxinal do João Faria, adentrando por picadas nos loteamentos rurais mandados construir e bancados pelo governo provincial, assentavam-se gente humilde vindas de uma fria e convulsionada Europa, dentro de um projeto que ao mesmo tempo podia aliviar tensões sociais no “Velho Continente” e levar adiante uma política de ocupação e desenvolvimento do território brasileiro baseado na mão de obra “branca”, tida, na concepção racista em vigor (e ainda ecoando, infelizmente), como “salvadora do país”...</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
E um “detalhe” fundamental no romance de Valesca que me interessou intensamente: Não se tratava de uma apologia simplista do “loiro imigrante” e da “bravura alemã”, como cantado no hino santa-cruzense, marginalizando e estripando um processo social e histórico cheio de desdobramentos e vinculações. Não era uma “babação de ovo” de uma figura mitificada, “o colono”, como seguido caem até mesmo historiadores e outros intelectuais formadores de opinião. O livro a Valsa da Medusa, então lido sofregamente, humanizava essa gente e incluía mulheres, crianças, adolescente e velhos, além de personalidades fora da saga racistóide costumeira. Havia ali dramas e cotidianos “reais”, e não uma ladainha germanófila – embora demonstrasse a coragem, o risco, o empenho de milhares de pessoas que atravessaram o oceano e se meteram em densas florestas rio-pardenses, buscando aquilo que nos move a todos: FELICIDADE. Sim, ser feliz, em primeiro lugar, e não essa engrolação de “trabalho e progresso”, que só serve para discurso hipócrita e enfadonho de horas cívicas – mas que acabam pautando e justificando privilégios étnicos absurdos, violentadores.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu li um volume roto que estava disponível na biblioteca da Unisc. Depois, num balaio, fiz uma daqueles surpreendentes achados: ali estava um exemplar novinho da 1ª edição – que depois, nesses empréstimos que a gente faz, acabou se perdendo (desde que esteja sendo usado e repassado, não me importo). Mas em todas as rodas e conversas que se chega ao assunto de literatura e história local, lá vou eu a puxar a obra da minha amiga querida – uma amizade construída justamente pela minha empolgação pela A Valsa...</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Além das anotações, escrevi logo após a primeira leitura um comentário, um pequenino ensaio sobre o livro, adaptado-o para a publicação em sessão de opinião de jornais da cidade. Uma cópia de um dos textos, através de alguém que recortou e levou a Valesca – passando antes pelo também excelente escritor e marido da própria, o Luiz Antonio de Assis Brasil –, fez iniciar um contato que dura até hoje. Que maravilha foi isso – fazer amizade através de um texto!</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, neste março de 2009, saiu a terceira edição revisada. Muito boa! Recebi pelo correio da sempre gentil e amorosa Valesca. Fez a punho uma dedicatória bonita e imerecida. Mas que me alegrou muito.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Ninguém que goste de literatura e história deve ficar sem ler A Valsa..., que supera em muito várias obras que prentendem contar a história santa-cruzense. Aqueles que são ligados a Santa Cruz do Sul – como nascidos ou moradores do município, por exemplo –, mais ainda devem se atentar, porque só têm a se enriquecer. Valesca é “filha da terra” e fala “de cadeira”. Nutriu-se de vivências pessoais e conhecimentos diversos, incluindo conversas com o falecido Hardy Martin, entusiasta da historiografia local – mesmo considerando o seu viés e caráter leigo de seu trabalho historiográfico –, fundador do museu e arquivo histórico do Colégio Mauá, além de “Indiana Jones” da arqueologia local, junto com outros pioneiros, como o professor Mentz Ribeiro, fundador do Centro de Pesquisas Arqueológicas (Cepa) da Unisc.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Para falar um pouco mais desta nova edição, uso o que escreveu Leonardo Brasiliense – outro escritor excelente, premiado com o Jabuti em 2007:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
“(...) Valesca de Assis retoma seu primeiro livro e nos reapresenta este impressionante A Valsa da Medusa. (...) O cenário é a colônia de Santa Cruz do Sul, no centro da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, na segunda metade do século XIX. E não há como descrever com maior sensibilidade estética os obstáculos, as motivações e os conflitos psicológicos desses imigrantes alemães [entre outros personagens, acrescentaria, fora dessa designação] que o construíram [em conjunto e no contexto amplo da região de Rio Pardo, já ocupada – caso do Faxinal do João Faria, embrião da colônia de Santa Cruz – por outros grupos assentados e itinerantes, inclusive na própria selva – onde havia quilombolas e indígenas – e onde foram abertas as picadas e loteada a área com o trabalho de negros, sob a coordenação de servidores com origens lusas, pagos com recursos estatais]. No meio disso, a paixão inoportuna, impertinente, inadequada, no sentido mais rigoroso de cada um dos termos, entre uma mãe de família e o professor de seus filhos, solteiro. (...) A tensão humana captada (...) golpeando a alma do leitor (...) nesta valsa que provavelmente nunca aprendemos a dançar sem tropeços.”</div>
<br />
<br />
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA<br />
<br />
<i>A valsa da medusa</i><br />
<br />
Romance<br />
<br />
Valesca de Assis<br />
<br />
Terceira edição revista<br />
<br />
Março de 2009<br />
<br />
Editoras Movimento e Edunisc<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
BIOGRAFIA</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Natural de Santa Cruz do Sul, nasceu em 1945. Residiu em diversas cidades do interior do Estado. Em Porto Alegre, cursou a Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora de História especializada em Ciências da Educação, atuou, por diversas vezes, em atividades culturais.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Dedica-se atualmente à literatura, ministrando oficinas com ênfase no desbloqueio para a escrita criativa, tanto intensivas quanto extensivas.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Estreou como escritora em 1990, com a publicação de <i>A valsa da medusa</i> (Ed. Movimento, 1990, ora em terceira edição em parceria com a Edunisc), obra que recebeu Voto de Congratulações da Câmara de Vereadores de Porto Alegre.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Publicou o romance A colheita dos dias (Movimento, 1992, também em segunda edição), O livro das generosidades - receitas compartilhadas (Artes & Ofícios, 1997), Harmonia das esferas (WS Editor, 2000), PRÊMIO APCA/2000: REVELAÇÃO DE AUTOR (Associação Paulista de Críticos de Artes), Prêmio Especial do Júri da União Brasileira de Escriores (2002) e finalista do Prêmio Açorianos, além de além Todos os meses (AGE, 2002), Prêmio AGES/Livro do Ano/2003, para Crônica, de Diciodiário (Artes & Ofícios, 2005), Prêmio O SUL-Nacional e os Livros 2005, para a coleção GRILOS.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Em 2008 lança Vão pensar que estamos fugindo! - a história de uma viagem quase impossível (Bestiário).</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Participou, ainda, de diversas antologias, dentre elas: A cidade de perfil (org. Sérgio Faraco, UE, 1994), Nós, os teuto-gaúchos (org, Luís A. Fischer e Renê Gertz, Ed. UFRGS, 1996), Crônica & Cidade (org. Ivette Brandalise, PMPA-CRL, 1997), Receitas de criar e cozinhar (org. Patrícia Bins e Dileta Silveira Martins, Bertrand Brasil, RJ, 1988), O livro das mulheres (org. Charles Kiefer, Mercado Aberto, 1999), O João Carlos (org. David Coimbra, clicRBS, 2000, Capítulo 8), Meia encarnada, dura de sangue (org. Ruy Carlos Ostermann, Artes&Ofícios, 2001), Contos de Bolso (Casa Verde, 2005), Contos de Bolsa (Casa Verde, 2006), Contos de Algibeira (Casa Verde, 2007) e Antologia de contistas bissextos, org. por Sérgio Faraco (L&PM, 2007).</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Foi Membro e Presidente do Conselho Estadual de Cultura.</div>
<br />
<div style="text-align: right;">
FONTE: http://www.valescadeassis.com</div>SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-40833922019611093742009-02-22T15:37:00.000-03:002012-05-04T13:54:31.716-03:00Frases de um cult: O Pequeno Príncipe...<div style="text-align: justify;">
Seguem trechos do livro O Pequeno Príncipe, do escritor Antoine de Saint-Exupéry, onde está aquela famosa frase</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
E também há outra frase (duas, na verdade) famosa nesta "região" desta obra literária tão... digamos assim, tão cult (ou seria tão kitsch):</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
“Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Eis os trechos:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- Minha vida é monótona [diz a raposa ao Pequeno Príncipe]. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passo que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- Por favor... cativa-me! disse ela.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- Eu até gostaria, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
(...)</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- Adeus, disse ele [o principezinho]...</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- O essencial é invisível aos olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<br />
<div style="text-align: right;">
* SAINT-EXUPÉRY, Antoine. O Pequeno Príncipe. Tradução de D. Marcos Barbosa, 48ª ed., 2000, p. 68-74. FONTE: <a href="http://www.coperve.ufsc.br/provas_ant/2001-2D.doc">http://www.coperve.ufsc.br/provas_ant/2001-2D.doc</a></div>SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8781839005043112224.post-36433607284764112942009-01-24T22:56:00.000-02:002012-05-04T13:52:48.712-03:00PerdidoFolhas<br />
Que caem<br />
Em abismos<br />
<br />
Os sons<br />
Perdem-se<br />
Ao longe<br />
<br />
O sol está se pondo<br />
E eu continuo indo<br />
Para onde?SLLhttp://www.blogger.com/profile/10380181001868288788noreply@blogger.com3