sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Sobre o fim das bibliotecas como as conhecemos (ou Mouse de biblioteca)

* Por Iuri J. Azeredo

Ontem, percorrendo as prateleiras abarrotadas – organizadamente, é claro – de livros da biblioteca central da Unisc, falei assim, meio de súbito – e nem sei bem porquê – com o meu amigo: "O que vai acontecer com isto tudo? Esta montoeira de livros, enormes estantes e tanto espaço ocupado?".

Estava me referindo ao previsível desaparecimento das bibliotecas assim como as conhecemos há séculos – ou, ao menos, a freqüência das pessoas e a forma da guarda dos livros será bastante diferente, suponho. A tecnologia do arquivamento eletrônico e da internet/intranet simplesmente oferecerão nas telas - de PCs, laptops, e-books, celulares, TVs digitais e sei lá mais o quê (ou quem sabe hologravuras, até) – as obras que necessitarmos. E com facilidades, agilidades e outros recursos impossíveis à velha tecnologia de Gutenberg e dos bibliotecários da era do papel impresso e encadernado.
Evidente que restarão a nostalgia e os nostálgicos – como eu! Talvez nos reunamos numa biblioteca-museu ou um clube retrô para juntos procurarmos livros por estandes em corredores estreitos e folheá-los com volúpia, sentindo os aromas, texturas, cores, formas e, mesmo, o pó e as traças, com um ar sentimental, quase desolado e bizarro dos deslocados.
Vejo a biblioteca cada vez mais como um espaço com salas com acesso a internet, onde se plugará (e nem plugues de verdade há) e se baixará os arquivos, manipulando-os através de diversos programas e seus infindáveis recursos de facilitação, ampliação da leitura (hipertextos, imagens, diagramas, filmes etc.), interpretação (dicionários e outras consultas) e reescrita (produção de textos).
Veio-me esta lembrança de ontem lá na biblioteca da Unisc pela notícia que li há pouco em uma ZH de 02/11, que havia separado para "ler depois" (o que às vezes significa colocar na pilha de recortes cada vez mais amarelados). A Google, “maior empresa de internet do mundo" (e isso de negócios “.com” era uma coisa impensável há 15 anos, talvez 10), que tem um projeto chamado Google Boock Serch, prevendo “a digitalização de milhões de livros". Uma acordo com editoras e autores norte-americanos está sendo fechado. "A iniciativa vai expandir o acesso online a milhões de livros protegidos e também a outros tipos de conteúdo disponíveis em bibliotecas dos EUA." Universidades de lá já autorizaram a digitalização de seus acervos, que será disponibilizado pelo procurador Google.
Isso já está acontecendo de outras formas. E a própria biblioteca da Unisc vem aumentando sua "migração" para a dimensão virtual. Como disse, antevejo o fim das prateleiras e dos inseticidas anti-traças, mas as "ratos de biblioteca" com certeza continuarão existindo - nem que seja num Second Life...

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